A Polícia Federal abriu investigação para apurar uma
suposta rede de espionagem ilegal com atuação em Brasília que teria
políticos e autoridades entre seus alvos. Suspeita-se que até a
presidente Dilma Rousseff tenha sofrido tentativa de bisbilhotagem do
grupo, além de senadores e deputados.
Leia também:
Conselho vai julgar caso Demóstenes em fevereiro
Cachoeira casa com Andressa e não viaja em lua de mel
Com popularidade alta, Dilma começa 2013 com desafios na economia
As investigações foram abertas a partir de informações e documentos
entregues ao Ministério Público Federal e ao ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, pelo deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), em julho
passado. Leia também:
Conselho vai julgar caso Demóstenes em fevereiro
Cachoeira casa com Andressa e não viaja em lua de mel
Com popularidade alta, Dilma começa 2013 com desafios na economia
Os documentos incluem extratos de ligações
telefônicas e trocas de e-mail entre parlamentares do Congresso
Nacional. Miro disse ao jornal O Estado de S. Paulo que recolheu o
material de um araponga, que se sentira ameaçado e estaria agora sob
proteção policial.
"Criou-se na capital do País, sob os olhos dos poderes da República,
uma sociedade anônima de criminosos e violadores de dados pessoais"
afirmou o deputado. "Não há cidadão nesse País, nem mesmo a presidente,
seguro da sua privacidade e isso é muito ruim para a democracia." Contatada, a PF informou por meio de sua assessoria que abriu procedimento preliminar de investigação para verificar a autenticidade dos documentos, mas não comentará que encaminhamento deu ao caso para não atrapalhar as apurações. O órgão confirmou que há indícios veementes de crime no material apresentado e que o caso será apurado com rigor.
O grupo ao qual o espião arrependido está ligado tem foco de atuação no Distrito Federal, voltado para autoridades do governo local. Mas o material entregue por ele inclui aparentes extratos de ligações e de e-mails de parlamentares federais, como o senador Blairo Maggi (PR-MT), o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e o ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o esquema de corrupção e exploração de jogos ilegais comandado por Carlinhos Cachoeira.
Nem a PF ou o deputado, todavia, veem associação automática do grupo com o contraventor. "Não sei se há conexão com o esquema do Cachoeira, pois os extratos eram usados pela quadrilha como efeito demonstração para convencer clientes a fecharem negócio", disse Miro.
'Mercado anárquico'
Segundo o delegado Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), quadrilhas de arapongas atuam impunemente em praticamente todos os Estados, fazendo espionagem industrial, bisbilhotagem contra particulares e sobretudo dossiês contra políticos. "É um mercado totalmente anárquico, sem fiscalização ou controle, exercido muitas vezes por profissionais sem qualificação ou compromisso ético."
São Paulo, maior polo empresarial do País, Brasília - sede dos Três Poderes e de representações diplomáticas de mais de 200 nações - e Rio de Janeiro são os principais centros de arapongagem no País, segundo a PF. A estimativa é que esse mercado movimente mais de R$ 1 bilhão ao ano no Brasil. A última operação da Polícia Federal relacionada a escutas ilegais foi a Durkheim, que desmantelou em novembro, em São Paulo, uma rede de 27 espiões, entre os quais policiais federais, civis e militares, que bisbilhotavam políticos, empresários e magistrados.
Um projeto de lei do deputado federal José Genoino (PT-SP), patrocinado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em fase final de tramitação na Câmara, cria o marco regulatório do setor e estabelece as normas para exercício da atividade de inteligência privada. Para exercê-la, o interessado terá de fazer curso de formação de agente e precisará de autorização da Abin, que será renovada anualmente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário