"A mão que embala o mal". Por Mary Zaidan
Na foto: Wellington Dias e Jorge Viana
Se o Ministério Público desagrada, reduza-se o poder do MP. Se o STF causa dissabores, cortem-se as asas do Supremo.
Se a imprensa critica e denuncia, controle-a. Essa é a lógica que
impera no PT, partido que não se satisfaz com a maioria, nem mesmo
acachapante.
Quer tanto a hegemonia plena que golpeia qualquer um que ouse discordar da ordem unida, cassando a palavra e o voto.
Que o digam os senadores Jorge Viana (AC) e Wellington Dias (PI), este
último líder do PT, impedidos de discordar do prazo de vigência para as
novas regras ditadas pelo governo para a criação de novos partidos.
Direta ou indiretamente, a mão e a mente do PT estão em todos os atos que castram os poderes daqueles que o perturbam.
Chegou ao cúmulo de fazer aprovar na Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara um revide ao Supremo, que impôs reveses irrecuperáveis à
imagem do PT.
Com votos dos mensaleiros José Genoíno e João
Paulo Cunha, ambos do PT-SP, o projeto do deputado Nazareno Fonteles
(PT-PI) retira prerrogativas constitucionais pétreas do STF,
transferindo-as para o Parlamento.
A afronta foi tão
assustadora que o aliado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da
Casa, antecipou-se em suspender a tramitação da matéria.
Pôs
panos quentes, mas não conseguiu evitar o acirramento da crise com o
STF, que o PT não se cansa de atiçar desde o julgamento do mensalão.
Na outra ponta, por meio do aliado Fernando Collor (PTB-AL), o PT
tentou intimidar o procurador-geral da República Roberto Gurgel, inimigo
número 1 do partido, com a ameaça de uma CPI.
A ideia não
prosperou, mas o partido estimula o projeto que limita as possibilidades
de investigação do MP. Ainda que o PT tergiverse e diga que nada tem
com isso, a PEC de autoria do ex-delegado Lourival Mendes (PT do B-BA)
dificilmente chegaria onde chegou sem o aval do partido.
Quanto
à imprensa, repete sempre que pode: não vai abandonar o projeto de
controle, que, sem pudor algum, chama de democratização.
O PT
tem poder legítimo e popularidade recorde. Mas parece invejar o conforto
totalitário do governo da Venezuela, nação com democracia de
mentirinha, que acaba de receber, assim como a derrapante Argentina de
Cristina Kirchner, mais afagos da presidente Dilma Rousseff.
Não se chegou ao absurdo da ditadura bolivariana que quer encarcerar o
líder oposicionista e mandou cortar salários e vozes de parlamentares
que não reconhecem a vitória de Nicolás Maduro, arremedo mal acabado de
Hugo Chávez.
Mas o PT está se empenhando em aproximar-se de
tais descalabros. Move-se para sufocar a oposição, anular o Judiciário e
pôr rédeas na imprensa.
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